sexta-feira, 31 de julho de 2015

A ALEGRIA DO CÉTICO

Quem já não se viu de mãos dadas com as dúvidas sobre o prosseguimento da vida após a sepultura? religiosos de todos os matizes já enfrentaram e enfrenta, vez em quando, o martírio e a angústia dessa dúvida. Céticos contumazes se exasperam e desesperam em diversos momentos de suas existências quanto ao problema da imortalidade, sobretudo após o desenlace de um coração amado. Outros descrentes, quase resignados, deixam-se levar por indecifrável amargura perante o túmulo aberto à sua frente. Outros tantos optam pela suposta indiferença quando não, pela ironia...

Todas as vertentes da dúvida, de alguma maneira, alimenta o anseio da alma de conhecer. Deus, em Sua Sapiência infinita, coloca estímulos sagrados em meio à descrença e dela faz um divino aguilhão a impulsionar o espírito. Ah, a terrível desolação perante o receio de não mais ver os olhos amados, o coração venerado de um pai, da mãe, de um filho...e a agonia do temor ante a própria dissolução no nada; a negação de todo aprendizado, a ausência de um sentido para as coisas se o pó nos tragasse a individualidade. Ao mesmo tempo em que o ceticismo cresce no ser, a dúvida sobre que sentido haveria em tudo isso, e de como forças cegas poderiam serem capazes de produzir o amor inesquecível, a ternura fascinante, a complexidade de todas as emoções humanas.

Mas, façamos uma progressão para além da campa...com a certeza que tenho e que o conhecimento espiritual nos proporciona, como avaliar o que será a maior alegria do descrente após a grande passagem, em abrindo os olhos e verificando a luz resplandecente da imortalidade? Reencontrar a vida, a consciência, o prosseguimento, os amores sorvidos antes dele pela sepultura, eis a suprema alegria do cético. Mas, se o cético se dignar a ler este texto, e se nada existir? e se voce estiver enganado, amigo? sorrindo eu poderia responder que, então, não haveria decepção, nem amargura, pois não haveria consciência e apenas o nada...rsrsr...descobri, no entanto, que o nada não existe; a vida e´vencedora. Pesquisando, lendo, ouvindo, vendo, vivento as provas, tendo-as em mim mesmo, encontrei apenas a vida, jamais o nada.

Não há como a conjugação fortuita de moléculas produzir a saudade, a doçura de sentimentos refinados e a leveza da gazela. As contradições entre a rudeza do animal selvagem e do mais delicado beija flor, além do mais brutal ser humano em confronto com a extrema gentileza de um apóstolo do amor, nos falam que existem etapas e a consciência guia a vida assim como a consciência divina rege o Cosmos e todos os universos. A matéria não poderia, por si só ordenar a vida com cada vez mais apurado senso de complexidade, mais aperfeiçoada representação da vida, sem que este progresso não fale, bem alto, de um plano, uma meta, um planejamento...

A fria retorta no laboratório do homem de ciência o levará ao encontro do Inteligência acima da matéria e isto já está ocorrendo em farta quantidade; e os poetas permanecerão inundando a vida de emoções e sutileza, de rajadas de transcendência, exaltando amores e sonhos...sim, os sonhos são mais um indicativo que a matéria é incapaz de explicar a vida.

Sei que vou assistir, lá da realidade espiritual onde eu estiver, o despertar e a alegria dos céticos, e a decepção dos pessimistas orgulhosos, ao verem que estavam errados em suas concepções. Mas, será que ficarão mesmo decepcionados ou ficarão aliviados pelo erro de terem descrido de Deus e da alma, da vida, enfim?






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